"Imigração é maior ameaça à Europa desde as invasões árabes"

Partido Nacional Renovador. DN falou com Bruno Oliveira Santos, presidente da Convenção Nacional.
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O Partido Nacional Renovador (PNR) defende a sindicalização da polícia e o abandono da NATO. Estas são algumas das principais revisões ao programa partidário que vão ser apresentadas na próxima Convenção Nacional (congresso), a realizar em Novembro.

A Comissão Política nomeou o militante n.º 1 do PNR, Bruno Oliveira Santos, presidente da mesa da Convenção, para coordenar os trabalhos de alteração ao documento.

Em declarações ao DN, Bruno Santos assume que as mudanças cobrirão várias áreas do programa do PNR. O mesmo responsável adiantou que, em matéria de segurança - um dos temas mais caros ao partido - vai propor a fusão da GNR com a PSP.

"Estas instituições espelham uma realidade com 100 anos", critica o responsável partidário. "É preciso criar dois novos corpos policiais, um municipalizado e sindicalizado, que actue numa quadrícula de baixo risco e que tome conta do trânsito, das feiras e dos bairros pouco problemáticos", diz, "e outro mais bem preparado para lidar com criminalidade violenta e com experiência em teatro de guerra".

 "Os polícias morrem nos bairros problemáticos porque existem lá gangs mais bem preparados do que as forças da ordem", afirma. "É preciso dar mais meios e autoridade à polícia". E critica: "Eles têm de pagar a própria farda, o que é inadmissível."

Num ataque ao Governo, refere que "o actual programa de segurança pública faliu". "Há zonas de anarquia total, em que o corpo policial que lá estava já saiu e o que devia substituí-lo ainda não entrou", acusa.

Imigrantes

No que diz respeito à imigração - outro dos temas-bandeira e que mais polémica tem causado em torno do PNR - o presidente da Convenção Nacional não poupa as palavras.

"A imigração é a maior ameaça à Europa desde a batalha de Poitiers em 732", afirma Bruno Santos. O dirigente do PNR referia-se à vitória do exército cristão franco, liderado por Carlos Martel, sobre os muçulmanos, numa batalha que é historicamente considerada como o ponto de partida para o fim da expansão árabe na Europa.

Bruno Santos vai propor que todos os imigrantes ilegais sejam repatriados. "Não há nada a esperar de alguém que começa a vida entre nós de forma ilegal", sustenta. O mesmo dirigente defende ainda a "expulsão de todos os que tenham praticado crimes".

À pergunta do DN se os portugueses deverão, em caso de necessidade, poder escolher os seus imigrantes, Bruno Santos responde de forma afirmativa. "As qualificações profissionais, por exemplo, são importantes, mas também as semelhanças étnicas e religiosas, que facilitam a integração", frisa. Já é menos assertivo quando a semelhança é linguística. "Receber um santomense ou um habitante do Mali... não sei, sinceramente é a mesma coisa".

No que diz respeito à Defesa Nacional, Bruno Santos vai propor que o seu partido passe a defender a saída da NATO. "Sem a ameaça da Guerra Fria já não faz sentido", opina. "Actualmente, a NATO não é mais do que um instrumento da política externa dos Estados Unidos e nós temos que ter, em alternativa, uma estratégia de defesa europeia", afirma.

A política familiar também é cara aos nacionalistas. A ideia de família, diz Bruno Santos, "está sob fogo cerrado". "Estamos a caminhar para o suicídio colectivo", afirma o mesmo responsável, referindo-se às quebras contínuas da taxa de natalidade em Portugal.

Como novas medidas para combater o problema, o PNR deverá aprovar um "cartão municipal" que, por exemplo, "garanta condições tarifárias de água e electricidade às famílias com filhos". Por outro lado, a actual política fiscal, em sede de IRS, "penaliza quem tem mais filhos". "Isso deve acabar", sugere. Bruno Santos critica ainda os "incentivos avulsos" propostos pelo actual Governo que, na sua opinião, "não promovem a natalidade".

“Subsidiaram arraial 'gay' e não as marchas populares"

"Não houve subsídio para as marchas populares de Lisboa mas deram 30 mil euros para o arraial gay." É desta forma que Bruno Santos critica o que diz ser "a cultura dominante", e que o leva até a defender a "extinção do Ministério" respectivo.

O dirigente do PNR propõe que os dinheiros públicos sirvam "para acorrer apenas a situações pontuais". "O Estado não tem de impor cânones culturais", sustenta. Bruno Santos critica eventos pontuais, como a Capital Nacional da Cultura.

"No fim do ano desmonta-se a `barraca' e nada fica", exclama. "A cultura não se impõe por decreto , é uma realidade orgânica", opina. "Ao Estado cabe criar as condições para fomentar uma vontade criadora, que emane do povo".  "Uma cultura de vanguarda assente nas raízes mais tradicionais e populares", sustenta.

Instado a comparar com as décadas de 30 e 40, quando António Ferro dirigia o Secretariado Nacional da Cultura, Bruno Santos mostra as distâncias. "Nesse tempo era preciso intervenção do Estado, agora as coisas podem emanar da sociedade civil.

" Sobre a educação, lembra que "tem sido a paixão frustrada de todos os governos". Critica "três décadas de teorias construtivistas e socialistas" e a "subordinação ao princípio do prazer", que "acabou com exames que podem causar traumas às crianças", ironiza.

"São resultados desastrosos que é preciso inverter antes que o País fique completamente iletrado." "É preciso voltar à escola da exigência e da disciplina", afirma. "Vamos propor a possibilidade de as famílias poderem escolher as escolas dos filhos através de um cheque-educação."

 PNR defende energia nuclear e renováveis

Bruno Santos põe em evidência a "insegurança nas escolas". "Propomos a criação de uma linha SOS professores", diz.

Em matéria de Justiça, o dirigente nacional do PNR diz que em Portugal "ela não existe, há quando muito jurisprudência, alguma bastante má". Falando em causa própria, afirma que "existem nacionalistas que estão presos, um deles dirigente do PNR, por terem alguns livros e material do partido em casa". "Não se pode estar três meses preso e não ser deduzida acusação", sustenta.

Tal como outros partidos, o PNR vai propor a "redução da imputabilidade criminal para os 14 anos". "Agravar penas para certos casos de crimes contra as pessoas" é também uma possibilidade.

Mudando de área, o dirigente do PNR diz que "deve apostar-se nas energias renováveis e no nuclear". "O período do petróleo barato acabou", sustenta. E o "gás natural não é boa alternativa para Portugal", por causa da dependência de zonas turbulentas como o Norte de África.

"As centrais nucleares de 3.ª e 4.ª geração são a energia mais limpa e segura que existe." No que diz respeito ao ambiente, o dirigente do PNR sustenta que "a ecologia é um valor nosso que foi roubado pela esquerda há 30 anos, por `falta de comparência' dos nacionalistas".

PNR: Partido fundado em 2002

Normalmente associado à extrema-direita, o Partido Nacional Renovador (PNR) prefere apelidar-se de nacionalista.

O PNR foi fundado em 2000, a partir das "cinzas" do PRD (Partido Renovador Democrático), que tinha visto a luz do dia em meados dos anos 80, como associação política apoiante do então Presidente da República, Ramalho Eanes.

À beira da falência do PRD, militantes normalmente associados à extrema-direita - mas que preferem apelidar-se a si próprios de nacionalistas - inscreveram-se como militantes e tomaram a direcção do extinto partido, já que acabaram por ficar em maioria. Mudaram-lhe o nome e o programa e o Tribunal Constitucional aceitou a "nova" formação.

Bruno Oliveira Santos é um dos fundadores do PNR, tendo sido membro da primeira Comissão Política Nacional. Apartir de 2005, exerce as funções de presidente da Convenção Nacional.

Recentemente, o PNR concorreu às eleições intercalares de Lisboa, onde obteve 0,8% dos votos.

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